
O fracasso contemplado da janela do medo

O tempo tem avançado e, com esse avanço, a vida tem retrocedido. O mundo é assombrado constantemente pela névoa do medo, por nevoeiros de angústias intermináveis, de choros inacabáveis. As pessoas passaram a ser o prato principal da depressão, da automutilação, do suicídio. Essas são algumas das lombadas que fizeram a vida descarrilar e as almas serem tragadas para uma espécie de abismo macabro da existência.
Quem vive no medo é, ao mesmo tempo, carcereiro e prisioneiro de si mesmo. O medo corrompe a essência humana e faz com que os sonhos não se mutem a planos fundamentados e, consequentemente, realizados. A lente do medo não permite enxergar oportunidades de mudança vital, de sucesso profissional, de amores transcendentais. É esse mesmo medo que algema os indivíduos e os mantêm afastados da ação, da prosperidade.
O relógio já badalou, anunciando a hora de enfrentar aquilo que lhe atormenta. Reúna forças e o seu mais poderoso exército e siga para o campo de batalha. Em casa, sozinho e assustado, certamente não se vence uma batalha contra inimigos tão poderosos.
Nessa visão, escrevi a poesia A Janela do Medo, com o objetivo de provocar a reflexão, o autoconhecimento e o enfrentamento dos demônios que, dia após dia, lhe assombram e lhe tiram a paz.
Boa leitura.
A JANELA DO MEDO
O clarão da janela parecia sempre o convidar
como um braço que gesticulava e o atraía.
O café da manhã pela garganta a deslizar
aquecia aquele corpo esquecido do tempo em que sorria.
Carregava demônios do medo presos ao seu calcanhar
e tentava segurar os seus passos que sempre fugiam,
assombrados pelo medo incessante de errar
e de viver em permanente agonia.
Lá fora ele via o novo a vida a embalar.
Tudo aquilo sem dúvida o seduzia,
mas se saísse e viesse a fracassar?
Não via como conseguir essa alforria
da escravidão do medo prestes a lhe esgoelar.
Era preferível viver em constante euforia
e o sucesso dos atrevidos sempre enxergar.
Com certeza não lhe havia mal maior do que a sua covardia
e nem um dia sem a presença da vontade de se enterrar.
A vida passava veloz e ele nem via
a sua alma do corpo lutando para se desgarrar.
O seu fim acelerava, sempre longe da alegria.
Não tinha o que comemorar,
ninguém um abraço lhe daria,
e da janela do medo começou foi a orar
na esperança de que em outro mundo o seu mal acabaria.
Texto originalmente publicado em minha coluna na Revista Statto.
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